Skip to main navigation menu Skip to main content Skip to site footer

Articles

Vol. 7 No. 1 (2016)

Prática comunitária e o trabalho do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com crianças e adolescentes em Ribeirão Preto/SP - Brasil

Submitted
June 7, 2023
Published
2016-03-15

Abstract

O artigo relata a experiência de prática comunitária do LAPSAPE que, nos anos de 2007 a 2012, por solicitação do setor de educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, realizou atividades em um assentamento de reforma agrária, localizado na cidade de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, Brasil. A atuação foi orientada pela perspectiva teórica e metodológica histórico-cultural, articulando conhecimentos da Psicologia do Desenvolvimento e Psicologia Social-Comunitária. O objetivo da prática era contribuir para a formação de educadores populares, construindo com eles instrumentos para a atuação em diferentes níveis: organização e realização de atividades lúdicas e educativas com as crianças e adolescentes; construção de conhecimentos sobre a infância para proposição de ações de defesa de seus direitos junto a órgãos governamentais; envolvimento com as políticas de atendimento à educação das crianças e jovens assentados; integração das crianças ao espaço do assentamento da reforma agrária e ao modelo de produção econômica escolhido e em implantação pelos adultos. Participaram aproximadamente dez adultos e quarenta crianças e adolescentes de diferentes idades (dos três aos 17 anos). Orientou o trabalho o entendimento da necessária coconstrução e do aprendizado mútuo entre assentados e Universidade. Alguns dos eixos de trabalho desenvolvidos foram: o lugar da infância e da criança no assentamento rural de reforma agrária; direitos das crianças e adolescentes; brincadeiras; registro e memória; desenvolvimento infantil; educação do campo; relações campo-cidade; preconceito; sustentabilidade. Por meio do trabalho com diferentes linguagens e métodos, houve a contribuição no empoderamento dos adultos para a organização de ações de luta pela melhoria das políticas de educação. Destaca-se o protagonismo construído: na mobilização de adultos e crianças para combater os riscos no transporte escolar (o que resultou na visibilidade do tema na mídia, na conquista de melhores condições dos veículos e na contratação de adultos assentados para acompanhar o trajeto entre o assentamento e a escola); na luta pela inclusão, no planejamento orçamentário do município, de verba para a construção de escola no próprio assentamento; no envolvimento das crianças e adolescentes no projeto agroflorestal do assentamento. Ressalta-se que a prática foi realizada em uma comunidade politicamente engajada, principalmente devido à história de participação no movimento social e à luta pela consolidação do assentamento de reforma agrária. Nas avaliações conjuntas com os assentados, concluiu-se que a intervenção do grupo do LAPSAPE contribuiu, num movimento gradativo, para a construção das identidades dos participantes como educadores infantis, bem como para a construção da autonomia em relação à argumentação, junto aos poderes públicos locais, a favor das políticas públicas que visem a melhoria das condições de vida das crianças e adolescentes assentados. 

 

The aim of this article is to present the experience of community practice of LAPSAPE in an agrarian reform settlement, located in the city of Ribeirão Preto, State of São Paulo, Brazil. The practice was conducted, during the years 2007 to 2012, at the invitation of the Landless Workers Movement – MST. The cultural-historical psychological perspective and the link between Developmental Psychology and Community Psychology oriented the activities. The purpose of the practice was contribute to the work of popular educators, building with them instruments to act in different levels: organization of playful and educational activities with children and adolescents; construction of knowledges about childhood to propose actions of defence of their rights with government agencies; involvement with the policies of education of children and young people; integration of children into space of the settlement of land reform. Ten adults and 40 children and adolescents of different ages (from three to 17 years old) participated of the activities. The comprehension of mutual construction and learning between settlers and University guided the practice. Some of the principal lines of the developed work were: the place of childhood and of the child in the rural settlement; rights of children and adolescents; plays; registry and memory of the activities; child development; rural education; rural-urban relationships; prejudice; sustainability. Through the deployment of different methods and languages, there was contribution to the empowerment of adults for the organization of actions for improvement of education policies. We highlight the role built in: mobilizing both adults and children to combat the risks on school transport (which resulted in the visibility of this topic in media, in the conquest of better conditions of vehicles and in the engagement of settlers adults to follow the path between the settlement and the school); the struggle for inclusion in municipal budget funding for the construction of the school in the settlement; and the involvement of children and adolescents in the agroforestry project. It should be noted that the practice was performed in a politically engaged community, mainly due to the history of participation in social movement and the struggle for the consolidation of settlement of agrarian reform. In the joint assessments with the settlers, we concluded that the intervention of the LAPSAPE group contributed to the construction of the identities of the participants as child educators as well as for the construction of autonomy in relation to the argument in favour of public policies, aimed at improving the living conditions of children and adolescents from agrarian reform settlements.