O racismo é uma ideologia, uma forma de opressão e de violência. A categoria analítica raça-etnia tem se mostrado um indicador eficaz nas ciências humanas para avaliar o acesso aos recursos naturais pelas populações, o direcionamento de políticas públicas e a alocação de resíduos. Na Amazônia, os recursos naturais e as externalidades negativas produzidas no ambiente têm sido distribuídos ao longo do tempo conforme a raça-etnia das populações que vivem na região, estabelecendo uma relação inexorável entre acesso ao patrimônio ambiental, problemas ecológicos e desigualdades sociais. Neste artigo, discutimos as lutas por reconhecimento de direitos territoriais e pelo manejo de princípios ativos (água, gás natural, pedras preciosas, entre outros) pelas populações tradicionais da Amazônia (indígenas, ribeirinhos, quilombolas), sob a perspectiva do racismo ambiental. Defendemos que a noção de racismo ambiental fornece uma linguagem compatível para compreender os conflitos socioambientais em curso na região, ao mesmo tempo em que se configura como um instrumento de advocacy capaz de influenciar na formulação de políticas públicas que efetivem e garantam os direitos dos povos que vivem na floresta.
Racism is an ideology, a form of oppression and violence. The analytical category race-ethnicity has been an effective indicator in the human sciences to evaluate access to natural resources by populations, the direction of public policies and the allocation of waste. In the Amazon, natural resources and the negative externalities produced in the environment have been distributed over time according to the race-ethnicity of people living in the region, establishing an inexorable link between access to environmental heritage, ecological problems and social inequalities. In this article, we discuss the struggles for recognition of territorial rights and the management of active ingredients (water, natural gas, precious stones, among others) by traditional Amazonian populations (indigenous, riveraine, maroon), from the perspective of environmental racism. We argue that the notion of environmental racism provides a consistent language to understand the socio-environmental conflicts underway in the region, while it is configured as an advocacy instrument capable of influencing the formulation of public policies that enforce and guarantee the rights of people living in the forest.